NO TEU PODER!! 2º Capitulo;

...

-Quem é você? – Perguntei-lhe assustada.

-És a Kristin Saun? – Perguntou-me, ignorando a minha pergunta. Chegou mais perto de mim e olhou-me ainda mais fixamente com os seus olhos assustadores vermelhos.

-Sim sou, porquê? – Logo que falei a mulher pegou-me no pulso. Der repente apercebi-me de que era uma vampira, pois os seus caninos tornaram-se grandes. Ela raspou os enormes dentes contra a minha pele e fez um X, o símbolo dos vampiros. Aquilo ardia e comecei a sangrar.

-Kristin Saun, acabas-te de ser marcada para te tornares vampira. Aparece á meia-noite na casa das transformações. – Dito isto a mulher desapareceu, sem me deixar fazer-lhe qualquer pergunta.

Fui para o meu quarto ainda chocada com o que acontecerá.

-Loran…! – Gritei-lhe aterrorizada, e se dar por nada estava a chorar. – Fui marcada…

Ele tirou logo os olhos da televisão, e veio ter comigo. Via um horror percorrer a cara dele.

-Calma querida, calma. – Aconchegou-me ele com a sua confiança ao aperceber-se do que se tratava.

O que seria de mim agora?! Isto não me podia estar a acontecer…era demais. Eu nunca quis ser uma vampira, não tenho nada contra os vampiros, mas eu gostava da minha vida tal como ela era.

-O que faço agora? – Estava mesmo assustada, e sentia enormes picadelas no pulso.

-Agora não podes fazer nada querida. Mas pelo que sei quando se é marcado, tem que se ir á casa dos vampiros.

-Eu sei eles já marcaram uma hora… vens comigo? Por favor Loran!

-Se poder entra, estarei sempre contigo meu amor. Agora relaxa! - Eu tinha muita sorte no namorado que tinha, ele era querido, atencioso, sabia respeitar-me, ele transmitia-me calma.

Deitamo-nos os dois na cama e ele aconchegou-me. Sem pensar disse-lhe;

-E agora nós?

Ele olhou-me nos olhos, deu-me um beijo na boca e respondeu;

-Nada nem ninguém pode combater o nosso amor. Não te vou perder Kristin! – Sorri-lhe.

-Á meia-noite tenho de estar na casa das transformações. Tu vens comigo. – Ele assentiu e deu-me um beijo na testa.

Sem ter mais alguma reacção, adormeci. Estariam a ser uma seis da tarde, e eu adormeci que nem um bebezinho que não fez a sua sesta.

Dormi sem ter qualquer sonho estúpido, que eu tinha muitas vezes. Quando acordei ao meu lado estava Loran.

-Quanto tempo dormi? Que horas são?

-São nove e meia! O teu pai já veio cá, e eu disse-lhe que tu adormeces-te porque te cansas-te de arrumar. – Arrumar? Ele arrumou-me as coisas?!

Olhei em volta e depois reparei que ele tinha arrumado tudo. Soltou um sorriso maroto;

-As tuas cuecas estão ali…

-Pois, obrigada! – Senti-me corar.

-Ainda te dói? – Sussurrou e pegou-me na mão.

Olhei para o pulso e reparei que estava em cicatriz.

-Hum, não me dói. Olha comes aqui?

-Pode ser querida, vamos ter com o teu pai. – Senti uma dor terrível de cabeça ao levantar-me. Estaria a ser efeito da cicatriz ou assim?! Que coisa.

Quando cheguei á cozinha estava o meu pai e o meu tio a cozinhar.

-Olá pai! Olá tio Paul!

-Olá filha. Ficas a comer aqui Loran? A comida é massa. – Perguntou o meu pai a Loran. O meu pai gostava muito dele, pois também conhecia-o desde bebe.

-Se não incomodar… - Respondeu Loran.

Encostei-me ao balcão.

-Tio vais comer aqui?

-Sim querida, hoje vai dar um jogo na TV, e vou ver com o teu pai.

Assenti. Ajudei a preparar a comida. Eu adorava aquela massa. Hum…

Sentamo-nos na mesa e Loran estava a meu lado. O meu pai e o meu tio conversavam alegremente sobre futebol. Que seca! Levantei-me e pus o meu prata dentro do lava-loiça.

-Pai vou para o meu quarto, estou com uma dor de cabeça terrível. – Murmurei interrompendo a sua alegre conversa. Ele disse qualquer coisa, mas eu não captei. Fui a correr para o meu quarto.

Deitei-me por cima da cama, e a dor diminuiu.

-Ai que horror! - Gritei contra a almofada.

-Posso? – Perguntou Loran batendo á porta com a sua voz querida e doce.

-Claro. -Só consegui dizer aquilo, parecia que não me consegui controlar. Acreditem que aquela dor de cabeça era horrível.

Loran sentou-se a meu lado e propôs ver-mos um filme para passar o tempo e para me distrair.

Vi-mos o filme, come-mos pipocas. Já eram onze quando demos pelas horas.

-Vou ligar á minha mãe a avisar que vou passar a noite fora. – Lembrou-se Loran. Concordei.

-Pronto já disse á minha mãe que vou passar a noite fora na casa de uma amigo meu. Agora fazemos assim, eu vou dizer ao teu pai que já dormes, fechas a porta às chaves, e sais pela janela. Eu espero por ti no meu carro lá fora. Calma vai correr tudo bem!

-Espero que sim… - Sussurrei tentando convencer-me que tudo iria correr bem. Estava mesmo muito nervosa. 

Tranquei a porta do quarto às chaves, peguei na minha bolsa, e sai pela janela. Loran esperava-me dentro do seu carro.

-Pronta? – Perguntou-me de imediato quando me sentei no banco.

-Sim. Estou pronta. – Menti.

Loran ligou o carro e seguimos caminho. O percurso para ir ter á casa dos vampiros era escuro, assustador! Tinha muitos morcegos e corujas.

Chegamos á entrada da casa dos vampiros, e aquilo era enorme. Parecia um castelo antigo. Estacionamos o carro, e fomos á beira de uns homens que estava na porta, eram guardas. Eles dirigiram-nos até a uma sala enorme, onde estavam muitas pessoas, bem vestidas. Todas elas tinham lindas caras. Dava gosto de olhar, mas era arrepiante pois á medida que eu andava por entre a multidão, eles abriam caminho. Eu estava a andar por cima de um tapete vermelho. Ao meu lado subitamente apareceu a rapariga que fora à minha casa. Estava com os olhos muito mais negros, era arrepiante. Quando parei de caminhar vi um homem sentado num enorme cadeirão. Devia de ser o vampiro mais antigo. Ele não tinha cara de quem fosse velho. Ele olhou-me com curiosidade.

- Sê bem-vinda Kristin Saun! – Disse-me ele, depois olhou para o Loran. – Quem é o humano?

-É o meu namorado. – Respondi de imediato A minha voz reflectiu confiança, o que me surpreendeu.

-Quereis que ele te acompanhe na transformação Kristin Saun?

- Sim! – Olhei para Loran, que estava pálido. Apertei-lhe a mão e ele sorriu-me.

-Muito bem. O meu nome é Jonhy, Jonhy Marson. Sou o vampiro mais antigo. Daqui em diante serás parte do meu povo, serás vampira, serás imortal. Agora olha em tua volta e escolha alguém presente nesta sala, para que te transforme. – Olhei em volta, não sabia quem escolher, por isso disse o que veio á cabeça.

-Que não quero nenhum deles, quero que seja você a fazer a minha transformação. – Num momento fez-se silêncio absoluto, ouvindo-se apenas o cacarejar das corujas.

A rapariga ao meu lado sussurrou-me;

- O Jonhy Marson é muito poderoso Kristin Saun, talvez não seja possível. Ele é o vampiro mais poderoso, mais antigo!

-Ele mandou-me escolher, e eu escolhi! – Palpitei em voz alta. Olhei em volta e todos me olhavam com cara de assustados. – Que foi? Porque me olham assim?

Jonhy levantou-se e aproximou-se de mim.

-Gosto da tua coragem… Se queres que seja eu a transformar-te, deixa-me fazer-te uma coisa.

De repente comecei a flutuar e depois senti um cheiro maravilhoso, era o cheiro a sangue.

Olhei para baixo e vi o braço de Loran cheio de sangue.

-Quero o sangue dele! – Bufei. – Larguem-me!!!!!

De repente cai no chão. Aproximei-me de Loran com os olhos fixos no sangue que lhe escoria pelo braço. Ele estava assustado.

-Kristin, meu amor controla-te, tu não me queres matar! –Sussurrou-me ele.

Aquelas palavras fizeram-me voltar á realidade. Aproximei-me dele, rasguei-lhe a t-shirt bruscamente e pus-lhe em redor do braço. Virei-me para Jonhy e gritei-lhe cheia de ódio;

- Era isto a prova? Queria que eu mata-se o meu namorado?!

Ele olhou-me com atenção e disse;

-Não sabia que isto ia acontecer Kristin, queria testar apenas a tua força, e a tua raiva. Não sei como é que é possível, mas ainda não és vampira e já tens atracção pelo sangue. – Parou de falar. Ao fim de algum tempo ele acrescentou – Serei eu o teu transformador!

-Ainda bem. – Apenas disse isto.

-Vamos para o circulo ali, e deita-te na mármore. – Fomos para o círculo que tinha uma mármore, onde eu me deitei, mas sempre de mão dada a Loran.

-Dói muito? - Foi uma pergunta um bocado estúpida, mas tive de a fazer. Jonhy olhou-me nos olhos e respondeu;

-Doer dói sempre. Mas a intensidade da dor é sempre diferente de cada pessoa. Tens de ser forte e não desistir enquanto sentes a dor. – Ele pegou no meu enorme cabelo e desviou-o para trás.

Loran apertou-me a mão com muita força e beijou-me;

-Tu consegues!

Depois disso não ouvi mais nada. Jonhy começara a morder-me. Comecei a gritar e a tremer ferozmente. Via tudo muito enevoado. Sentia-me fraca, sentia que me estavam a matar. Comecei por sentir dores na cabeça e no pescoço, depois começou a percorrer todo o corpo. Sentia-me a explodir.  O meu coração palpitava fortemente. Senti ainda mais dores até que não consegui ouvir, nem ver nada, nem me conseguia mexer. Não me sentia viva. Perdi os sentidos por completo. Fiquei apenas numa imagem negra.  

Comecei a recordar tempos passados com a minha família, com os meus amigos, com Loran. Recordei toda a minha vida. Estaria morta?! Morta… Sim, eu tinha morrido. Talvez eu tivesse rejeitado a mudança e agora estava morta. Revivi memórias de quase toda a minha vida, e foi ai que conclui que estava mesmo morta.

A morte é uma coisa simples, fácil. Não me custara tanto passa-la como passei momentos da minha vida. Agora que estava morta e não viverei mais, podia dizer que fui feliz e que não me arrependia de nada que tinha feito. Tive tudo para ser feliz. A felicidade triunfara a minha vida, e eu nunca dera valor a isso.

Subitamente eu deixara de ver apenas escuridão, apareceu-me como imagem a minha família. Apareceram todos aqueles que fizeram parte da minha vida. Todos aqueles que me fizeram feliz. Loran! Pai! Mãe! Avó! … Todos os que eu amavas estavam ali, á minha frente, novamente a meu alcance. Aproximei-me deles. Lá estava Loran, o meu lindo e maravilhoso namorado loiro, alto e magro. Ele era tão importante para mim, era o meu mais que tudo. Toquei na cara dele e este olhou-me, abracei-o com toda a minha força, mas esse momento não durou muito, pois voltaram a desaparecer todos. Não os conseguia ver. Voltei a ficar ás cegas, sem sentir nada, sem ver nada. Estava novamente a ser apoderada de uma escuridão silenciosa… Sentia-me sozinha, não existia ninguém. Ninguém. E Loran? Onde estava ele? Tinha acabado de o abraçar e sentido os seus delicados músculos, tinha acabado de ver a sua bela cara. E agora, não tinha novamente nada, a não ser a escuridão. A minha vida estava sumida! Estava tudo tão negro e silencioso.  Estava repetidamente a ser escrava deste cenário horrível.

Senti-me mais uma vez em chamas desesperadamente. A minha cabeça voltou a estarem estado de explosão. Voltei a gritar. Aí apercebi-me que ainda estava viva, que ainda estava a lutar pela minha sobrevivência. Lutar contra a dor era horrível. A dor é forte, e deixa-nos indefesos. As chamas que ardiam dentro de mim explodiram com uma grande densidade e gritei ainda mais. Queria parar, morrer. Não queria lutar mais contra a morte estava a ser inútil. Só estava a receber dor, dor, dor, dor e mais dor. O fogo que ardia ferozmente dentro de mim parecia não ter fim. 

Fiquei eternidades gritando, lutando, até que a dor começou a diminuir. Ainda me sentir a arder, mas não com tanta intensidade. Comecei a ver tudo mais nítido aos poucos e poucos. A minha audição começara a voltar, já ouvia vozes de várias pessoas. Também comecei a conseguir mexer o corpo, comecei a sentir-me novamente viva.

**************************************************************************************************************************

Este cápitulo é um bocado granda, mas espero que gostem á mesma! A Kristen vai sofrer muito depois da transformação; desgostos, sustos, e o pior, vai sentir-se um perigo para aqueles que mais ama!...

Beijooos, comentem ;)